terça-feira, 21 de setembro de 2010

Garbanzo David


Garbanzo é o nome que se dá ao nosso popular grão-de-bico em outras línguas, mas que me ocorre ser mais frequente em espanhol. Pura frescura minha, admitamos.

"Grão-de-bico - Leguminosa de pequenos frutos, cuja cor varia do amarelo ao quase negro, passando pelo vermelho. Os frutos são muito utilizados na culinária árabe. Podem ser usados cozidos inteiros em saladas, amassados em pastas ou torrados como amendoim. Torrado e moído, o grão-de-bico substitui o café, embora não tenha o seu sabor. Muitas vezes é empregado na sua falsificação e por isso, na França é chamado Pois Café e na Inglaterra Coffee Pea. De uso bastante frequente na culinária árabe, é ingrediente básico na pasta conhecida por Hummus bi tahine. (Nome científico: Cicer Arietinum.)" GOMENSORO, Maria Lucia. Pequeno Dicionário de Gastronomia. Rio de Janeiro, Ed. Objetiva, 1999.


Há algum tempo eu andava com vontade de fazer alguma preparação com grão-de-bico. Como só me ocorriam as suas formas mais manjadas, pedi sugestões a algumas pessoas "do ramo". Recebi várias respostas que um dia experimentarei, mas ainda não me havia batido "aquela" inspiração. Tinha que ser algo fácil e para servir de almoço.

Quando acontece algo assim, sempre me socorro no conceito da Sopa de pedra. Nunca falha. Veja a minha experiência.

INGREDIENTES

  • 250g de grão-de-bico;
  • 2 tomates concassé;
  • uma cebola;
  • um dente de alho;
  • meio pimentão vermelho;
  • uma beterraba;
  • azeite de oliva;
  • 50g de linguiça calabresa;
  • 50g de bacon;
  • 50g de lombo defumado;
  • 50g de paio defumado;
  • sal e pimenta a gosto.


MODO DE PREPARAR

Na noite anterior ou com, no mínimo, 7 ou 8 horas de antecedência, coloque o grão-de-bico de molho em bastante água. Escorra e coloque para cozinhar na penela de pressão, cobrindo novamente com água. Junte uma beterraba descascada e deixe por 20 minutos após o primeiro sinal de pressão do vapor saindo. Reserve. Os grãos devem ficar macios, mas ainda inteiros.

Pique os demais ingredientes e comece fritando o bacon e as demais carnes sobre um fio de azeite. Junte a cebola e o alho e deixe dourar. Adicione os tomates, acerte o tempero e deixe cozinhar até o tomate se desmanchar. Como eu pensei na palavra em espanhol, me ocorreu a tradição mexicana e coloquei muita pimenta calabresa.

Quando se houver formado um molho espesso, adicione o grão-de-bico escorrido, a beterraba fatiada e, por fim, o pimentão. Deixe levantar fervura novamente e desligue o fogo. Sirva imediatamente, acompanhado somente de arroz branco. Ficou ótimo. Sopa de pedra não fica sempre?

Não pensei em um vinho especial para acompanhar. Afinal, estava concentrado na preparação do prato, e todos sabem que Tico e Teco têm um limite pequeno para suas sinapses. Acompanhei com o Carménère que já estava sendo consumido e que não comprometeu.

domingo, 12 de setembro de 2010

Banana caramelada David

Esta é uma das sobremesas mais fáceis do planeta, e uma das que mais ibope dão. Sua 'mágica', acredito eu, está na simplicidade da preparação. Claro que há algumas 'preliminares" na minha receita, mas nada que não se possa contornar. Por exemplo, o fato de cultivar suas próprias bananas no quintal. Claro que se pode comprar a banana no supermercado, com o mesmo resultado final. Entretanto, se você tem uma touceira de bananas no quintal, colheu alguns cachos, distribuiu pela vizinhança, pelos amigos, parentes, até deu aos pedreiros do vizinho e aos vigias da escola em frente, e nem assim conseguiu esgotar seu estoque, um bom destino para elas é esta sobremesa deliciosa. Vamos a ela, portanto.

INGREDIENTES

  • 6 a 8 bananas caturras maduras;
  • 1 xícara de açúcar;
  • 2 colheres de açúcar mascavo;
  • 1 colher de café de canela em pó;
  • 1 taça de vinho branco.

MODO DE PREPARAR

Faça uma calda de caramelo: em uma frigideira quente, coloque os dois tipos de açúcar. O mascavo é apenas para dar uma cor bonita. Deixe o fogo agir por algum tempo, até que a borda do açúcar comece a ferver. Quanto mais deixar 'queimar', mais escura a calda ficará, mas também mais amarga. Esse ponto é peculiar a cada um.

Em seguida, despeje o vinho branco e deixe 'deglaçar', sem mexer. O problema de mexer a calda de caramelo é que ela ficará turva. Deixando ferver sem mexer, ela ficará cristalina. Colocar vinho branco em lugar de água é apenas uma alternativa para cortar um pouco a sensação de doçura, contribuindo também com um gostinho de uva no fundo.

Quando a calda estiver pronta, despeje sobre ela as bananas cortadas em rodelas e a canela, e deixe levantar fervura novamente. É apenas o tempo de começar a espumar. Pronto, desligue o fogo e sirva as porções individuais. Sobre cada taça ou cumbuca, coloque uma bola de sorvete de creme ou passas ao rum, e regue com um fio de vinho de sobremesa tipo Bacalhoa.

É só correr para o abraço.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Rosbife David


Rosbife (do inglês 'roast beef') é uma das preparações mais deliciosas que se pode fazer com o filet mignon. E das mais fáceis também, razão primordial para aparecer aqui.

INGREDIENTES

  • Mais ou menos 1 kg de filé mignon (sua parte central);
  • fatias finas de bacon;
  • um vidro de champignon;
  • uma caixinha de creme de leite;
  • azeite de oliva;
  • um copo de vinho branco;
  • sal e pimenta;
  • barbante comum.


MODO DE PREPARAR

Nada impede de se usar o filé inteiro. Como havia poucas pessoas para o almoço, dei-me o luxo de usar só a parte central e mais cilíndrica da peça de carne. Comece amarrando-a, a fim de manter seu formato durante a preparação, e segurar as fatias de bacon sobre ela. Em seguida, tempere-a com azeite, sal e pimenta a gosto, deixando descansar um pouco, para de pegar o gosto

Sobre azeite de boa qualidade, frite a peça de todos os lados, selando-a uniformemente. Em seguida, leve-a ao forno alto por cerca de quinze minutos. O ideal é usar a própria frigideira, desde que seu cabo não seja do tipo que se queime ou derreta, mas pode-se usar uma assadeira, sem grandes dramas.

Depois de retirar do forno, deixe a carne descansar um pouco sobre a tábua de corte, enquanto prepara o molho. Para tal, é necessário 'deglaçar' a frigideira (ou assadeira) com o vinho. Deixe reduzir um pouco e acerte o tempero. Acrescente o champignon fatiado e o creme de leite, deixando levantar fervura antes de desligar o fogo.

Retire e descarte o barbante e o bacon. Fatie a carne o mais finamente possível e regue com o molho. O miolo deverá ainda estar vermelho. Sirva acompanhando legumes cozidos no vapor ou batatas ao murro. É de comer ajoelhado na tampinha de cerveja.

UPDATE



Hoje, 12/9/2010, repeti a receita com meu grupo de apreciadores de vinho e determinamos que o vinho ideal para acompanhar esta carne é o TARAPACÁ GRAN RESERVA CABERNET SAUVIGNON. E estamos conversados. Veja a resenha aqui no Adegazinha.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Filé de costela David


Eu deveria ter vergonha de postar coisas tão banais aqui, mas pra tudo tem uma explicação. Tudo é culpa de uma série de fatores que influenciam a vida de quem mora sozinho, como já vamos ver.

Quem vive sozinho, como eu, e tem uma mínima preocupação que seja, com o que come, enfrenta alguns dilemas. Se a pessoa, ainda por cima, for "luxenta" e não gostar de repetir a mesma comida todo dia, aí mesmo que a a coisa começa a se complicar. Haja tempo e criatividade... Ainda bem que há certos truques que sempre "aliviam a barra".

Há pouco tempo conheci um novo corte de carne. Novo para mim, vamos ressaltar. Trata-se do FILÉ DE COSTELA. A primeira vez que o provei, foi num dia em que fizemos uma degustação de vinhos na minha casa, acompanhada de Tournedos e do tal filé de costela grelhados na bifeteira de ferro fundido de Divinópolis. Devo registrar que foi a carne brasileira que mais se aproximou, no meu entender, do delicioso bife de chorizo só encontrado na Argentina. O problema é que, como é uma carne muito entremeada de gordura, apronta uma tamanha sujeira que se leva quinze dias para limpar. O chão da minha cozinha ficou parecendo uma pista de patinação...

Muito bem. Eu tinha uma peça de filé de costela no freezer e não encontrava um momento de prepará-la. Sempre me lembrava da sujeira. Ontem, finalmente, deixei-a descongelando dentro da geladeira, planejando fazer algo com ela no almoço de hoje.

Outro problema de quem mora sozinho (talvez até seja o mesmo) é que tudo o que se compra é muito e tende a se estragar e perder. Eu estava com alguns tomates muito maduros que, se ficassem crus por mais um dia, teriam que ser descartados. Resolvi fazer um molho de tomates bem "pedaçudo", para depois congelar e utilizar quando pintasse uma ocasião. Só que eu já sei como sou, e aquilo seria apenas um momento intermediário antes de tudo ir para o lixo.

Hoje cedo eu tive a idéia de juntar os dois elementos que estavam à disposição. Pensei com meus botões: "- Como diz o Tiririca, pior que está não fica!" E lá fui eu. Limpei a carne o mais que pude e coloquei-a em uma assadeira funda. Temperei-a com pouco sal e pimenta do reino. Sobre ela, joguei o molho de tomate e levei tudo ao forno muito baixo, por duas horas, coberto com papel aluminizado.

Só devo dizer que tive que ter disciplina para não "enfiar o pé na jaca". Afinal, um mínimo de consideração com o perímetro na altura da cintura é desejável, quando possível.

INGREDIENTES

  • Uma peça de filé de costela (pouco mais de 1,5 Kg);
  • molho de tomates, "pedaçudo";
  • sal e pimenta do reino a gosto.


MODO DE PREPARAR

Limpe a carne, tempere-a a gosto e leve a uma assadeira refratária funda. Cubra com o molho de tomates, tampe com papel de alumínio e leve ao forno muito baixo, por cerca de duas horas. Sirva com arroz branco e legumes cozidos no vapor. É de se lamber!

O molho de tomates é aquele basicão que todos preparam. Eu frito bacon, cebola e alho, cubro com tomates concassé picados, tempero com sal, pimenta, açúcar e um fio de vinagre de arroz. Cozinho em fogo muito baixo por uma hora ou mais e pronto. Pode ser utilizado como molho de pizza, de cachorro-quente, ou qualquer outra aplicação que sua imaginação determinar.