terça-feira, 8 de junho de 2010

Bolinho de feijão


Esta é mais uma daquelas receitas que me deixam até receoso de postar, de tão simples que é. Entretanto, ela tem história. E a história talvez seja mais interessante que a própria comida.

Bolinho de feijão, em Minas Gerais, é a mesma coisa que na Bahia se chama Acarajé. As diferenças fundamentais são que, na Bahia, os bolinhos são fritos no óleo de dendê e, em Minas, na banha de porco. Além disso, na Bahia, os acarajés são recheados com vatapá, camarão ou outras coisas. Em Minas, em certos locais, o bolinho É O RECHEIO de pão de queijo ou de pãozinho de trigo (ou 'pãozinho de sal', como lá é chamado).

Tudo bem. Eu concordo que um bolinho frito como recheio de algo não parece ser coisa que abra o apetite, mas costume é costume. Na minha família, isso não acontecia. A referência era a minha Tia-avó, que fazia um bolinho de feijão definitivamente imbatível, servido simplesmente como aperitivo ou acompanhamento para a cervejinha de lei.

Da última vez que estive em Belo Horizonte, agora, no final de maio, recuperei, com meu primo, a receita do bolinho de feijão da Tia Joanita. É ela que vai a seguir, acompanhada de uma enorme dose de nostalgia.

INGREDIENTES

  • 500 g de feijão fradinho sem casca;
  • uma colher (de café) de sal;
  • pimenta malagueta seca, a gosto (bastante). Pode ser pimenta calabresa;
  • óleo ou gordura para fritar.


MODO DE PREPARAR

Colocar o feijão em uma vasilha com bastante água. Deixar da noite para o dia ou, pelo menos, durante cinco horas. Retirar alguma casca que ainda reste boiando e drenar o feijão que já deve ter inchado.

Colocar no processador (ou liquidificador) e bater com o sal e a pimenta, até virar uma pasta. Se ficar muito denso, dificultando a moagem, pode-se colocar um pouco de água.

Transferir para uma tigela e bater com um fouet ou garfo, a fim de aerar a massa. Formar os bolinhos usando colheres e fritar na gordura bem quente, até que fiquem dourados. Escorrer e servir, de preferência, ainda quentes.

Apenas um cuidado deve ser registrado: não deixar a colher que está modelando os bolinhos tocar na gordura e, novamente, na massa. Isso fará com que a massa desande, ficando um líquido impossível de modelar.

A única dificuldade reside no feijão fradinho, que não é algo tão fácil de se encontrar. No Mercado Central de Belo Horizonte, encontra-se o feijão já quebrado e limpo. Em outros locais, se for encontrado, ele terá que ser quebrado, retirado da casca, e limpo. E isso é trabalhoso.